Quando nos vemos confrontados com a morte, não raras vezes, o sentimento é de negação. Uma negação causada pelo espaço de tempo muito pequeno que existe entre o que nos é dito e a realidade. Não existe ainda tempo nem memória suficiente para que acreditemos que alguém morreu porque não vivemos ainda essa experiência. Por esta razão é que só ao fim de algumas horas, dias por vezes, a negação dá lugar à tristeza, angústia e raiva, sendo que começamos, enquanto seres racionais, a tentar encontrar causas para o que aconteceu. A sensação de que é injusto acompanha-nos em todos as perdas e ocupa muito daquilo que é a razão para nos sentirmos tristes e revoltados.
Fazer o luto não é fácil, sente-se sempre um certo vazio, um espaço retirado que na verdade existiu, como se o nosso corpo ou alma tivesse perdido um bocado que nos deixa incompletos para sempre. E essa sensação de infinitude torna difícil a aceitação do presente, não fôssemos nós humanos.
Ainda assim, a capacidade de olhar para o presente sem pensarmos em quem fomos ou naquilo que nos iremos tornar, requer treino, pelo que muitas vezes, as palavras de consolo não encontram eco em nós; por serem dissonantes do que sentimos.
Ainda assim, a capacidade de olhar para o presente sem pensarmos em quem fomos ou naquilo que nos iremos tornar, requer treino, pelo que muitas vezes, as palavras de consolo não encontram eco em nós; por serem dissonantes do que sentimos.