quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A morte

Quando nos vemos confrontados com a morte, não raras vezes, o sentimento é de negação. Uma negação causada pelo espaço de tempo muito pequeno que existe entre o que nos é dito e a realidade. Não existe ainda tempo nem memória suficiente para que acreditemos que alguém morreu porque não vivemos ainda essa experiência. Por esta razão é que só ao fim de algumas horas, dias por vezes, a negação dá lugar à tristeza, angústia e raiva, sendo que começamos, enquanto seres racionais, a tentar encontrar causas para o que aconteceu. A sensação de que é injusto acompanha-nos em todos as perdas e ocupa muito daquilo que é a razão para nos sentirmos tristes e revoltados.
Fazer o luto não é fácil, sente-se sempre um certo vazio, um espaço retirado que na verdade existiu, como se o nosso corpo ou alma tivesse perdido um bocado que nos deixa incompletos para sempre. E essa sensação de infinitude torna difícil a aceitação do presente, não fôssemos nós humanos.
Ainda assim, a capacidade de olhar para o presente sem pensarmos em quem fomos ou naquilo que nos iremos tornar, requer treino, pelo que muitas vezes, as palavras de consolo não encontram eco em nós; por serem dissonantes do que sentimos.

sábado, 17 de outubro de 2015

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A infância

A infância está em crise: 

As brincadeiras meteram baixa porque ninguém tem tempo para elas, andam medicadas e controladas
por causa dos défices de atenção dos adultos que nunca saltaram ou se esqueceram  que o brincar ensina quase tudo o que uma criança precisa de saber, sentir e conhecer.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"As palavras são como pedras. O que nelas vive é o espírito que por elas passa" Vergílio Ferreira.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Medo

Ter medo de errar é como ter medo de ser pessoa. Descartes poderia ter dito:  Erro, logo existo. 
Será o medo de errar, efectivamente, medo de existir, de se afirmar como ser humano?
Na realidade, o medo está em todo o lado; no nosso discurso interior e exterior. 
Parece, tantas vezes, mais fácil ceder, desistir do que continuar, do que reiniciar.
A razão desta inclinação (ou predisposição?) para o medo em vez da coragem (da afirmação) é explicada em várias teorias, mas não deixa de ser a cultural uma das mais fortes. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Monólogo interior

Quando o diálogo se desloca para o exterior e se torna bidirecional, as vozes que se conjugam e as experiências que se trocam, tornam mais flexíveis as crenças rígidas que possuímos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Medo.
Medo do que os vizinhos vão dizer.
Medo do que a família vai pensar.
Medo do que o patrão vai fazer.
Medo do que os colegas vão comentar.
Medo do que os amigos vão achar.
Medo de escolher, medo de errar.
Medo de sair, medo de regressar.
Medo de ter medo.
Medo de viver. Medo de ser.
Medo.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Tempo

Dez minutos dão para tudo e nunca são suficientes. 

O Tempo é como se fosse tudo, que no fundo não é nada mais que um vazio pendurado nas nossas costas, que acabamos por transportar. Não o vemos e por isso não está ao alcance dos nossos sentidos e por essa razão sentimos que nunca o apanhamos e ao mesmo tempo que o detemos, como se tivessemos todo o tempo do mundo.
O tempo é uma grande invenção e o ter é uma grande ilusão. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Confirmação

Apesar de dizermos, às vezes, que não admira porque tínhamos lutado e acreditado, que várias vezes tínhamos fechado os olhos e meditado, sonhado, desenhado e delineado, que tínhamos até escrito os objectivos e jamais duvidado que ia acontecer; a verdade parece ser que, quando acontece, dificilmente não ficamos surpreendidos, siderados e, consequentemente, profundamente convencidos do poder de crer e de sentir. É aí que dizemos que seguimos o que sentimos.  

É o segredo e o fenómeno de acreditar. Por isso, o mesmo acontece em situações contrárias. Não é preto e branco. Mas parece ser preto no branco.


sábado, 17 de agosto de 2013

Arrumar com o Tempo

Arrumações profundas = sentimento agridoce

Arrumar memórias, desaparecer com materialismos e ganhar espaço.

Manter o que é material parece prender-se com questões de Tempo. O que usamos antes, o que fomos antes, o que precisaremos no futuro, o que iremos sentir ao rever isto mais tarde.
Sabe-se que o Tempo como o conhecemos não é senão a ilusão da nossa percepção criada pela sucessão de movimento. Se o Tempo não existe e aquele objecto não nos fez falta, seguramente não precisaremos dele. 

Será que precisamos dele para nos lembrarmos do que somos? Ou o apego às coisas, faz-nos sentir que existimos e que podemos viajar no Tempo? Máquinas do tempo não são necessariamente precisas. O que é - senão viajar no Tempo - pegar em livros, cartas, fotografias? Rever, reexperienciar e re-sentir? 

A função que nos serve no imediato é apenas fútil considerando que não é útil. Mas as recordações que trazem são avassaladoras, impedem-nos de nos desfazermos de objectos: bilhetes, papeis manuscritos, lembranças.

São o que guardamos de bom, nesse sentido queremos perpetuar a nossa percepção de eventos dos quais sentimos falta, ou que percepcionamos hoje como tendo sido irrepetíveis no sentido lírico do termo. Perdemo-nos, assim, neste vaguear sem considerar que o Tempo é algo que não existe e que a percepção da sua passagem é uma ilusão e que no Futuro, se existir, não vamos precisar de nos lembrar, de nostalgia em nostalgia, como fomos felizes num determinado momento. Até porque raramente é assim. É a falta de pratica da qual padecemos, tantas vezes, de olhar para o Presente. 

Quando pensamos no tempo como algo inexistente é mais fácil desfazermo-nos de qualquer coisa, desde que nesse momento seja isso que desejamos. Aprisiona-nos esta ideia de depender dos objectos para recordar o que nos fez feliz. É, por isso, agridoce.
É belo abrir as caixas, mas só o fazemos quando precisamos de espaço.